sexta-feira, janeiro 28, 2005

Apego

Apego, apego
à parte.
Amigo,
à tarde você vem
esqueceu o que teria
escolheu o que já tinha.
Apego, apelo.
Teu corpo inteiro
não é mais meu.
Apego, apego
apenas, apesar de tudo
espero aperreada
como flor sem pétalas.
Depois do vento
por uma pérola.
Aperfeiçoada,
sou hoje sequer
o apelido da despedida,
que parte apegada.
Aperto.
Dói no peito o apego
como apogeu.
E parte,
inda que não seja vontade.
E se vai,
a parte
que com esmero procurei.
E repartida, a parte que ficou
parte. Em busca de um ponto de partida.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Laço Rompido

Fitas espalhadas em todo chão,
vermelhas e pretas
brancas e verde-amareladas.
De cetim, todas amassadas
espelham da sombra o suor.
Fitas esparramadas
por todo chão. Coloridas.
Colorem o vão, pretas e vermelhas,
azuis e azul-esverdeadas.
Fitas de cetim bordadas.
Molhadas.
Amassadas.
Fitas sem laço

terça-feira, janeiro 18, 2005

morte

Morte, morte, morte iminente
certa.
Sentida,chegada.
Partida.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Ofício

Nos dias de hoje o que não é ofício
é artifício
para conseguir mais.
Inexoravelmente egoísta,
musicalmente banal
quase tudo artificial.
Se não é partido
é time de futebol.
Há sempre uma razão sangrenta
por mais capital.
Não se mede esforços,
nem conta-se os mortos
vítimas deste mundo desigual.
Como mortos-vivos
os andantes caminham
entre armas, ebós
e espinhos
em busca de paz.

O Sol

Silêncio,
calou-se o mundo, aqui dentro.
Não existem mais palavras.
A via láctea foi trancada em uma garrafa.
Todos os rios reuniram-se em uma lágrima.
Todo o ar foi-se em um suspiro.
Calaram-se todos os gritos, as buzinas,
as fofocas e as mentiras.
Tudo foi engolido pelo sol.
O outro sol.
A garrafa caiu no horizonte
levando todos os nomes, sobrenomes,
segredos e ilusões...
O vazio agora reina
em corações gelados, partidos e quebrados.
Num mundo sem chão.