quinta-feira, maio 14, 2009

Viciante

Minha desunião
Corpo quer e razão nega
Minha contradição
Viciei-me em teu suor
Corpo inteiro desnorteado
Buscando incansável
Algo parecido
Com a sensação de te tocar

Motivos mil me levam
A ficar bem longe
Da tua boca
Do teu beijo
Basta um
As peles se pedem
Respiração
Transpiração
Movimento
Vibração

Viciante


Jardim das Horas

Mens sana in corpore sano


Nas frias manhãs do inverno astral
Tudo ao redor parece vazio e triste
O elo da vida parece frágil demais.

Nas frias manhãs do inverno astral,
a vida se resume em apenas estar.
Passar com as folhas ao vento
Caminhar no tempo
Carregar no peito uma pedra de gelo
Desejo não muito ardente
de partir para novas plagas.

Nas frias manhãs do inverno astral,
O elo da vida parece frágil demais...
Curvar-se, encolher-se, eis o que resta
O latido de um cão ao longe,
janelas fechadas,
neblina, sob um céu cor de cinza.
Desejo não muito ardente
de conservar a sanidade mental.

No inverno astral.
Mens sana in corpore sano
Mens sana in corpore sano.
Uma pedra de gelo no peito
e a cabeça repetindo
Mens sana in corpore sano
Mens sana in corpore sano...
Os pés frios, as mãos frias,
o corpo encolhido
o calor, a vida, as auras coloridas.
Tudo engolido ela fria manhã
deste inverno astral.
Regina Helena Martins Vita

segunda-feira, maio 11, 2009

Lapso

Regressaremos nestes instantes
ao que nunca se foi.
Perdoados os Destinos torpes,
pudemos estar no que está por existir.

Desejamos o encurtamento da distância,
mas à infinita lacuna seremos levados.

Quando teus olhos doces me tocarem,
saberei que não fui quem o amou.

Regressaremos ao que jamais aconteceu,
à infinita lembrança das idéias compulsórias.
Mudaríamos os Destinos frágeis,
mas o amor sofreu variáveis,
atuantes em toda sociedade.

Dura concepção ilusória,
o ideal é apenas o ideal e assim o é.

Talvez haja uma maneira correta
de permear a realidade,
mas apenas aspectos do agora parecem reais.
Aparências simbólicas de sonhos imaginários.

Permanecemos,
células pré fatigadas -
em fornos de almas, como rápidos átomos.
Encontramos aquilo que não escolhemos,
se acreditarmos encontraremos.

Em regra, presenteamos o passado
com um futuro tão esperado.
Regressaremos a este futuro:
assistiremos nossas vitórias,
com ares de futuro, (sem medos de derrota)
luz que outrora escureceu o passado.

Inexato presente compacto,
há um regresso de ilusões dormentes,
sóis que acalmam mentes.
E mentes, calores que nunca sentes.

quinta-feira, maio 07, 2009

Projeto Cultural

Em tempos de cruz,
na velocidade da luz
não posso esquecer,
se tudo se esquece
se descarta,
se apaga.
Eu não tenho nada...
mas,
fragmentada a realidade:
tudo o que há
são es
ti
lha
ços de espelhos,
reuni-los trará verdade
e
persigo, cega, minha miragem,
enquanto tudo se esquece.
Reflexos em cacos:
somos nós, nós estamos lá:
des
pe
da
ça
dos.
Modernidade caótica, inconstante
permanente sensação de familiaridade,
Sinto que posso ser veloz o suficiente!
Não o suficiente para darmos as mãos
ou desenlaçarmos os versos,
cruzarmos os braços.
Em grande rapidez,
o futuro aproxima-se.
Grandiosas lutas, quando em nossas mãos,
algum poder.
Não haverá a sua memória
e em suas mãos, algumas espadas:
Olharás para trás:
nada haverá
como tudo o que passou:
apagou
esqueceu.
Na memória apenas esquecimento,
a arte se esqueceu de ser arte,
a vida é para o esquecimento.
Pensamentos fugazes esqueceram-se de pensar.
Me esqueci de ser eu
para nunca ser tua.
Em apenas segundos,
não haverá história,
tudo se reproduziu.
Posso esquecer, se sempre impermanente
permanecerei velozmente
nestes ínfimos sentidos
congruentes.