terça-feira, julho 12, 2005

O amor se compra

Procuro, procuro na casa um lugar favorável ao meu espírito, na rua protejo-me dos combates, os seres parecem querer dizer algo, procuro escutar com atenção. Dor. Porque sofrem tanto esses andantes? A fé solúvel dissolveu-se num gole amargo de café, num gosto impuro de falsidade. O chão tão firme amoleceu sob meus pés num sopro divino que mostrou-me um espírito cego. O caos domina, chacinas, genocídios, homicídios, morte grupal, suicídio. Procuro meu lugar no mundo. Mundo injusto - mundo justo? Todos pagam por algo. Somos tão pequenos, apavorantemente minúsculos - pele, ossos e músculos, pequenos e terrenos, sexuais e banais. Essa superficialidade me impressiona, e tento não ser diferente. Apenas o superficial já basta, assim, não sofremos... acho que preciso comprar umas roupas novas, uns sapatos, um carro, o amor também se compra. Me vende um pouco? Eu compro.