sexta-feira, janeiro 20, 2006

Erotismo

Silêncio azul de verão.
A queda é o erotismo. Só o silêncio responde à liberdade da queda.
O medo. A ausência de controle,
a sensação de fuga.
A busca silencia e cala e o amor liberta.
E caímos. O vento, invisível força,
parece-nos forçar.
Mas o erotismo é a queda. E caímos,
flutuamos sem limites
e só nosso silêncio sabe
e nossa respiração condena,
despudoradamente livres,
e libertos fluímos no mais incrível som do sem-limite,
sem-tempo. Flutuamos no som do silêncio,
silêncio sem pensamento.
Momento vivido
Risco.
Corremos riscos E me arrisco.
No risco do sem-medo
Me jogo. E a queda é o erotismo.
O libertar-se, o manter-se vivo.
Arrisco a vida. Vida,
arrisco-me?
na busca do sem-controle, da ilusão do sem-final?
Arrisco a vida na sensação sem-dor da queda vivida.
Seduzo a vida.
E sinto a cor do sem-cor e ouço o som do silêncio.
O pensar é a lei na queda não há pensamento.
Sentimento alcançado, tudo arriscado na sensação do sem-final,
arrisco tudo o que é mortal, nada em jogo. E me jogo
e caio. O erotismo é a queda rumo ao imortal.