sexta-feira, outubro 27, 2006

Did I?

Somente um pouco de você,
um pouco mais,
algo que valesse.
Algo que valesse o risco
em que me precipitei,
que valesse o risco
em que me entreguei.
um esforço seu,
pra ser um pouco mais
meu,
pra me confortar,
do que em vão arrisquei,
não vale o risco,
nunca vale.
Me questiono
Por todas as vezes em que sou sincera
e afugento quem mais quero.
Por todas as vezes que sou
o que eu quero.

"Did I make you feel like you are the only?"

sábado, outubro 14, 2006

mostrar o que não é bom,
mania de tentar não ser o que grita.
Mostrando o que não quer ser,
sendo nada do que quer.
sendo. dos sonhos grandiosos,
que adormecem tranquilamente,
nas gavetas bagunçadas,
em dias a mais.
Do que se mostra há o que existe,
só o que existe.

terça-feira, agosto 29, 2006

Alma vil,
outrora vã
alma morta
Há uma morta
dentro de mim
por fora ama
por dentro chora.
Há uma teia,
alma presa
Assassina,
não há uma
uma sequer,
verdade em mim
que não esta.
Alma falsa
há uma farsa
desconcertante
entre mim e eu.
Há uma bela
em alma feia.
Assim, só
há uma veia
Há uma alma
morta em vida.
Alma infernal
mas há uma
Deusa que luta
contra o mal.
mas há uma
força carnal
matadora
que vence sempre.

segunda-feira, junho 12, 2006

por um momento

Por um momento quero tudo.
tudo que nunca quis,
por um momento ser feliz não é querer,
por um momento ser feliz é a libertação dos desejos.
este querer é mais que tudo,
e a liberdade ilude-se com minhas palavras
e finge ser, sendo apenas prisão.
a ilusão da vida, das horas, dos toques,
das cores,
a ilusão da morte,
e a pequenina fração que me cabe,
não quer ser,
por um momento eu não quero nada.
sendo o nada tudo o que realmente existe,
quero tudo então,
na ilusão diária da vida,
na pequenez tão típica,
do tamanho do nada, sendo tudo o que existe,
por um momento,
e apenas este curto prazo de vida nos pertence,
nada sei nem saberei,
talvez eu já saiba
e toda essa poesia ridícula seja toda a verdade,
e por um momento eu saiba que a verdade
não passa de ilusão,
o que são as honras deste mundo senão
vácuo, vaidade
e perigo de queda?

segunda-feira, abril 10, 2006

o que restou

Sentimentos inseguros. Inseguros passos.
Se me flagelo na falta,me amarro na vontade de viver.
na vontade, e é tão vazio.
o poema se envergonha,na objetividade insossa
da realidade.
Impressa no céu da boca mais uma vontade
de açúcar.
Internalizadas as mágoas,
repenso todos os maus momentos
relembro, esqueço tudo.
Sentimentos secretos, dias apagados.
apaguei todas minhas mentiras
na espera. na entediante espera.
E a insanidade me ajuda,
meu corpo devora minha alma,
minha alma carrega meu espírito
e pesa à mente a difícil decisão.
Mente insegura, espírito carregado,alma devorada.
Repenso tudo no medo concreto,
e me entrego e entrego tudo ao deserto
do amanhã.
e seguramente segurando,
seguro tudo que há ao redor,
se preciso empurro.
Seguro por fora o que tenta me enlouquecer
por dentro.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Covardia

Meu amor,
covardia o que faz,
toma-me um pedaço
e some.
Você fala mais
do que pode
e faz o que não pode.
Pura covardia
teu retorno
sem mim,
toma-me mais uma pouco
vai embora e some,
não sei se sumo,
mas por ti
despedaço...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Erotismo

Silêncio azul de verão.
A queda é o erotismo. Só o silêncio responde à liberdade da queda.
O medo. A ausência de controle,
a sensação de fuga.
A busca silencia e cala e o amor liberta.
E caímos. O vento, invisível força,
parece-nos forçar.
Mas o erotismo é a queda. E caímos,
flutuamos sem limites
e só nosso silêncio sabe
e nossa respiração condena,
despudoradamente livres,
e libertos fluímos no mais incrível som do sem-limite,
sem-tempo. Flutuamos no som do silêncio,
silêncio sem pensamento.
Momento vivido
Risco.
Corremos riscos E me arrisco.
No risco do sem-medo
Me jogo. E a queda é o erotismo.
O libertar-se, o manter-se vivo.
Arrisco a vida. Vida,
arrisco-me?
na busca do sem-controle, da ilusão do sem-final?
Arrisco a vida na sensação sem-dor da queda vivida.
Seduzo a vida.
E sinto a cor do sem-cor e ouço o som do silêncio.
O pensar é a lei na queda não há pensamento.
Sentimento alcançado, tudo arriscado na sensação do sem-final,
arrisco tudo o que é mortal, nada em jogo. E me jogo
e caio. O erotismo é a queda rumo ao imortal.